Filmes


ANÁLISE DO FILME “CISNE NEGRO”




(Vanity Fair) no papel de Nina, uma bailarina extremamente talentosa, mas perigosamente instável emocionalmente, que está às portas do estrelato. Instigada ao máximo por seu determinado diretor artístico (Vincent Cassel) e ameaçada por uma sedutora bailarina rival (Mila Kunis), o tênue laço que prende Nina à realidade se desfaz... arremessando-a num pesadelo de olhos abertos.

“ Eu senti a perfeição... foi perfeito!”

Com esta frase tão profunda e significativa,inicio minhas observações...
Na minha percepção, pude ver Nina abrindo mão de sua própria existência para viver ou, dar continuidade a vida e aos sonhos de onde sua mãe parou, ou seja, a vida de sua mãe.
O desejo de “perfeição” vincula-se ao desejo de ser a “estrela”; a melhor; a solista principal da apresentação que estava por fazer e que ao que me pareceu, foi justamente de onde sua mãe parou, embora, não tendo indícios de sua ruptura com a dança (talvez ter ficado grávida da Nina, pode ser um bom motivo).
Toda submissão de Nina referente à sua mãe permitiu um desencadeamento  de vários sintomas e sinais de alterações psíquicas, manifestadas em seus delírios; alucinações; paranóias; culpas, e que levaram Nina para um possível quadro de transtorno psicótico e esquizofrênico.
A personagem despertou em Nina um verdadeiro confronto entre bem e mau; amor e ódio, além de desejos; sexualidade e prazer. Isso teve um impacto profundo na sua relação com a mãe e com as pessoas às quais convivia, levando-a ao suicídio.
Ao final do filme, com a fala de Nina: “Eu senti a perfeição... foi perfeito!”, pude perceber em sua morte a realização do seu desejo de liberdade, de posse da sua própria vida, mas também, o seu fim.
           
Nina apresentou uma personalidade psicótica, com disposição destrutiva primária, manifestada na sua relação com a mãe.
Foi possível detectar alterações como:
Afetividade - distanciamento, embotamento afetivo, afastamento social.
Pensamento - desorganizado, persecutório.
Senso perceptivo - apresenta alucinações, delírio (cena do espelho, penas no corpo.
Atenção - alteração da atenção, quando nina erra ao dançar. (hipoprosexia)
Memória - capacidade intelectual boa.
Orientação - não tem capacidade de situar-se a si mesma. (orientação por desagregação)
Consciência - rebaixamento leve, dissociação da consciência (fragmentação)
Capacidade intelectual - capacidade intelectual boa.
Psicomotricidade - agitação
Juízo crítico da realidade - rejeição da realidade

A partir destas observações se faz possível levantar a hipótese diagnóstica e fundamentada na CID-10 que Nina possui um quadro de Esquizofrenia Hebefrênica (F20.1 - Uma forma de esquizofrenia na qual as mudanças afetivas são proeminentes, os delírios e as alucinações fugazes e fragmentários e o comportamento irresponsável e imprevisível), e junto com outros comportamentos como: auto-lesão, falta de habilidades sociais, compulsões, isolamento social e o perfeccionismo,ajudam a compor um quadro extremamente complexo em seu juizo de realidade.


Referência Bibliográfica

Dalgalarondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.


POWDER - ENERGIA PURA




     Ao investigar a morte de um velho em uma propriedade rural, Barnum (Lance Henriksen), o xerife local, descobre Powder (Sean Patrick Flanery) - seu verdadeiro nome é Jeremy Reed - um adolescente que era neto do falecido e que tinha passado toda a sua vida conhecendo o mundo através dos livros, sem nunca ter deixado a fazenda da família, tudo isto por ter uma aparência estranha (é totalmente branco). Powder é levado para um orfanato, mas é hostilizado pelos outros internos em virtude do seu aspecto. Ele demonstra ter dons particulares além de ter o intelecto mais elevado que qualquer ser humano jamais teve, passando a alterar a vida de todos que estão ao seu redor.

     Podemos chamar uma sensação tão intensa como esta de energia; luz, Deus, amor, "coisa de outro mundo", ou simplesmente nomeá-la de Esperança.
     Uma esperança capaz de integrar o ser humano com as "coisas" e o permitir compreender sua própria existência e a do outro como partes de um mesmo Universo.
     O medo do diferente, do desconhecido, muitas vezes nos faz recuar, ou simplesmente coloca nossa capacidade de pensar de lado, dando assim, espaço aos nossos instintos mais primitivos: a agressão. Esta vem em nosso auxílio para dar conta do que tememos e não conseguimos dominar.
     É fácil nos deparar com gestos tão singelos e simples como um abraço; atenção; sorriso; preocupação com o outro, mas o difícil é aceitá-los como significados que permitam nosso crescimento como pessoas que se relacionam, pois, somos, na maior parte do tempo moldados para "termos" (em nossa singularidade) e não "sermos". Por isso sofremos, por isso nos perdemos tanto quando por alguns momentos pensamos no real sentido que damos para nossa existência.
     Há uma intensa necessidade de reencontrar a expressão do nosso modo de sentir, principalmente das "coisas" que nos são tão caras como nossos vínculos familiares, afetivos, etc.
     E nesta busca, nos deparamos com "um "homem" sempre às voltas com o significado de tudo que lhe diz respeito: seus sonhos, seus sentimentos, suas ações, suas faltas, o que se aproxima e o que se afasta dele." 




Tive uma experiência interessante hoje...

          Precisava devolver uns filmes que havia locado para o final de semana e, ao entrar na locadora, a pessoa que me atendeu, uma senhora já de meia idade, estava com os olhos bem lacrimejados. Era meu segundo contato com ela, não tínhamos intimidade para além de bom dia, boa tarde, boa noite. Embora sem entender o momento, fiquei em silêncio, aguardando qualquer movimento dela enquanto secava suas lágrimas. Penso que ela percebeu minha companhia silenciosa naquele momento, e ao secar as lagrimas apenas disse: "saudades do meu pai, não pude ir no feriado visitá-lo". Não precisava de mais explicação... seu pai já havia partido e neste momento apenas a saudade a fazia lembrar o espaço que ele ocupava na sua vida. Um dos filmes que estava devolvendo era "A VIAGEM" com Tom Hanks. Comentei que adorei os filmes e ela disse que não havia entendido muito este filme, uma mistura de épocas e histórias.

Disse a ela que havia entendido o filme da seguinte forma: A viagem nos tempos poderia ser as escolhas que fazemos na vida, que direcionam e nos fazem experimentar as mais diversas situações e possibilidades do que podemos viver e que, uma determinada escolha, embora feita num passado muito distante sempre interfere ou está conectado com nosso possível futuro. Talvez fosse isso que o autor quis dizer com: "tudo está conectado". Me despedi dela e isso me permitiu algumas reflexões: Por que não pude dizer palavras de compreensão, solidariedade, conforto pra ela? Talvez nossas relações humanas não sejam tão profundas e fortes quanto gostaríamos que fossem, ou talvez este momento serviu pra mostrar os movimentos que fazemos diariamente nas nossas relações com as pessoas e o que realmente ficam destas relações. Depois pensei: bom seria se ela percebesse o quanto seu pai foi importante na sua vida, na sua história... a "matéria" cumpriu o seu destino: aprendeu, ensinou, deixou muito de si pra ser lembrado como parte da própria história da filha. É possível senti-lo, pois a energia ficou, impregnado e em forma de saudade. Talvez agora ela possa compreender o filme ou pelo menos compreender de uma forma diferente sua própria história... e isso me deixou feliz!!!




          Não sei se pude compreender a grandeza "de emoção" que esta música traz em cada palavra que este maravilhoso poeta (Renato Russo) diz em sua canção. Sei que ela me reporta por caminhos que também são meus, muitas vezes "humanos demais", onde através das mais variadas situações vividas, me levaram por direções que não gostaria de ter seguido "sozinho". Mas, o mais importante é que: "nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém, só penso em você, e aí então estamos bem...", lembrando-me que sempre fica algo iluminando os caminhos por onde passamos e que, se dermos uma olhadinha pra trás, constataremos que todos estes "focos de luz" são simplesmente as pessoas que conhecemos ao longo de nosso existir.
Valeu Renato, por me lembrar disso!!!

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