Iguais


...E pra fundamentar um convite à reflexão sobre este tema, acho extremamente importante dizer que há muitas possibilidades de se pensar sobre, e que cada indivíduo irá experienciar conforme sua relação com estas possibilidades. Mas, poderemos começar pensando no quão nos tornamos especiais em nossas diferenças (raça, religião, cultura, sexualidade, opção política, enfim), e ao refletir sobre nossa existência, buscarmos uma compreensão melhor de nossas essências, ou seja; seres humanos "apaixonados pela vida", por nossos projetos, pelas pessoas que conquistamos, pelas famílias na qual fazemos parte, pelos amores que experienciamos, e tudo isto dando sentido para o  nosso existir.

"A emoção é sempre significante, ou seja, indica as totalidades das reações do sujeito diante do mundo que o cerca. O significado da emoção é construído ao longo da história de relações do sujeito com o mundo"  (Sartre)


"Somos "ser-no-mundo", e "mundo" em tal expressão já significa um entrelaçamento de referências: nosso fazer, nosso falar, nosso pensar sempre acontecem na referência a algo que nos dá sentido" (Sapienza)

A escolha do projeto de vida de cada um é que vai determinar sua história, o sentido da sua existência. Essa liberdade de escolha é que lança o indivíduo em direção ao mundo, para o que o motiva como: expectativas, sonhos, projetos, em uma possibilidade de ser. E esta escolha é singular, sendo assim, somo sempre responsáveis por elas, mesmo quando não a fazemos.


"Não Consigo Lutar Contra Este Sentimento"(Can't Fght This Feeling)

"O essencial não é aquilo que fizeram de nós, mas sim aquilo que nós mesmo fazemos do que fizeram de nós". É a expressão do homem como "liberdade em situação". Estamos cercado de determinações, mas, ainda assim, não somos seres passivos, condicionáveis, pois sempre fazemos algo do que fazem de nós, mesmo que ainda seja corresponder à expectativa dos outros." (Sarte)



Vento no Litoral - Renato Russo & Cássia Eller


"Renato Russo deu a seguinte entrevista  para a Folha de São Paulo onde fala sobre a música: "eu vivi uma relação muito intensa, muito difícil com um americano. Ele vivia no gueto de São Francisco - era gay de carteirinha. Ele veio para o Brasil - ele era lindo, louro - e as meninas deram em cima. Aí veio aquela coisa de macho, porque todo homossexual masculino é macho, não adianta. Ele era dependente químico também, a gente viveu uma relação Sid & Sid. Ele de Speed, e eu, de álcool e tranquilizantes. "Vento no Litoral" fala justamente disso: "Lembra que o plano era ficarmos bem", era o nosso plano. Só que não deu certo."

Penso que esta letra pode trazer consigo muitos significados ao pensarmos nela de forma singular. Mas ao mesmo tempo não dá pra fugir ao seu contexto, à existência de um amor que partiu, à experiência de viver uma relação de fidelidade (como os cavalos marinhos, que quando perde sua amada se isola  do seu bando e fica solitário aguardando sua morte), às expectativas que o futuro pode trazer a partir desta experiência de perda e dor, sofrimento, enfim. Permitir que a vida continue seu curso, "colocar a casa em ordem", cultivar esperança neste momento tão difícil não é uma tarefa fácil, mas,  ao apropriarmos novamente da nossa existência nos deparamos com possíveis possibilidades que nos permite olhar para o futuro e pensar na continuidade da vida e que se entregar seria abrir mão deste grande projeto que é "viver".




"Há um começo sem fim... eu juro
Uma história de amor que nunca acaba
Devemos aceitar viver
Como deve ser"




"E com um beijo roubado
Em segredo
Saberás que eu te admiro
Com amor..."


"Um menino é cego. O outro acaba de ser matriculado na escola e não conhece ninguém. Entre eles, um forte carinho vai se estabelecendo, o que faz com que "Eu não quero voltar sozinho", de Daniel Ribeiro, fosse escolhido como o melhor curta-metragem tanto pelo júri oficial quanto pelo voto popular na terceira edição do Festival Paulínia  de 2010. O autor deixa clara toda sua delicadeza ao lidar com o assunto: as cenas entre os dois meninos são discretas, com um desejo sendo construído aos poucos e sem exageros."

Este curta com toda sua simplicidade e suavidade permite-nos refletir sobre o quão diferentes somos, e as várias formas que estas diferenças se manifestam. De forma educativa, emocionante, nos estimula a apostar na inclusão social e buscar uma maior compreensão da sexualidade como consequência de nossas relações.



Orientação Sexual

Psicólogos devem oferecer "tratamento" a pacientes gays que desejarem reverter sua orientação sexual?

Não

Carla Biancha Angelucci - Psicóloga e presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo

Há mais de uma década, organismos, sejam nacionais, estrangeiros ou supranacionais, como Associação Americana de Psiquiatria e Organização Mundial de Saúde, reconhecem o direito à expressão das sexualidades, direito esse reconhecido também pelo Ministério da Saúde. Assim, desde os anos de 1990 é consenso na comunidade científica que a homossexualidade não constitui doença e, assim, não se deve organizar ações de saúde visando à sua alteração.

É dever dos (das) profissionais da Psicologia garantir, nos serviços prestados à população, ética e qualidade teórico e técnica. Isso significa que pessoas que estejam sofrendo em função de aspectos de sua sexualidade   podem encontrar, nos atendimentos psicológicos subsídios para compreender melhor suas experiências, aspectos psicossociais nelas presentes, bem com explicitação de elementos envolvidos na produção do sofrimento, a fim de enfrentá-lo. A atenção em Saúde Mental deve considerar que nossa sociedade carrega preconceitos e moralidades que rebaixam a dignidade de inúmeros segmentos sociais, entre eles, as pessoas homossexuais. Desse modo, situações de sofrimento são produzidas devido à intensa e cotidiana discriminação vivida, gerando frequentemente nesses sujeitos sentimentos de culpa, de estar em desconformidade com as regras, o que, por sua vez, redunda em busca por tratamentos que visem à correção daquilo que é vivido subjetivamente como "erro".

Assistimos a uma cooptação do discurso da saúde mental e do direito à autonomia  por coletivos que se organizam a partir de uma específica moralidade, afirmando que pessoas homossexuais sofrem por estarem em desconformidade com a "natureza humana", e que psicólogos estão se negando a atendê-las. É fato que homossexuais podem viver sofrimentos intensos, mas isto se deve à homofobia, não a um suposto desvio da natureza humana heterossexual. Psicólogos, em seu percurso de formação, estudam profundamente aspectos do desenvolvimento das subjetividades em sua relação com os aspectos da vida societária. As subjetividades são expressão de processos complexos, relacionando aspectos orgânicos e sistemas de crenças, valores e expressões culturais. Nós psicólogos (as), estamos aptos a atender pessoas que apresentem sofrimentos, conflitos e dúvidas a respeito de suas experiências com a sexualidade, mas não trabalharemos a partir da diretriz de uma conformação da experiência sexual, normatizando-a, sob a justificativa de tornar a vida dos sujeitos mais felizes e/ ou saudável. Nosso trabalho em Saúde Mental se organiza a partir do reconhecimento da diversidade, inclusive a de experiências relativas ao campo da sexualidade e pela possibilidade de cada pessoa ter condições de entender seus sentimentos, suas relações e, com isso, fazer escolhas sobre como conduzir sua vida. Nosso trabalho em Saúde Mental visa produzir efeitos na vida coletiva, de forma a valorizar a singularidade, acolher a diversidade e romper com posicionamentos totalitários que se apoiam em fundamentalismos morais.

Pessoas homossexuais merecem nosso respeito pessoal e profissional. Garantir atendimento psicológico eticamente compromissado, com fundamentos teóricos  e técnicos é considerar o sofrimento relativo à experiência sexual sob a égide da discriminação, da condenação moral, e não aderir a proposição retrógrada e injustificada cientificamente de redução das sexualidades à heterossexualidade.

http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=565  (16.01.2013)




"...nem quero pensar se é certo querer o que vou te dizer
um beijo seu e eu vou só pensar em você..."

Eis uma forma magnífica de se pensar no Amor. Este, ao se manifestar chega em silêncio, cheio de delicadezas. Traz consigo a paz de pertencer a um "mundo", significar cada momento vivido com a essência de que tudo vale a pena por momentos tão intensos e duradouros. Impossível esconder o que já não cabe mais dentro do peito. Explosão de alegria, felicidade, uma vontade de rir pra tudo e pra todos, porque já não está mais no próprio interior, emana pelos poros, perpassa a matéria e permite que tudo seja somente energia, compartilhada, trocada... vivida. Não é um amor diferente, por seu formato, pela escolha que se fez, pelo caminho que percorreu pra se alcançar o que sempre se almeja: a "Felicidade", pois no final de cada escolha e alma atingida toda essa energia vira simplesmente... AMOR!!! 






"Perigoso é te amar, doloroso querer
Somos homens pra saber o que é melhor pra nós
O desejo a nos punir, só porque somos iguais..."

3 comentários:

  1. Você sempre tão filosófico heim? Adorei!

    ResponderExcluir
  2. Amigo, acho essa postagem muito relevante. O mundo vive uma era de transformações de valores... É inevitável! E lamentável a recusa de muitos de não progredirem por medo de abandonar tudo aquilo que os atrasam. Nos meus lábios, sempre digo para quem deseja ouvir-me: A bíblia, por mais energias que a cercam, é apenas um documento de um momento histórico. Boa parte dela, não é mais viável a realidade que estamos vivendo. Digo isso, com bastante consideração naqueles que atribuem sentidos de boa fé nela. Assim como você, faço o convite para que todos reflitam sobre seus conceitos... E que nessas transformações de concepções, trago a esperança que as pessoas mantenham o respeito pelo outro, pela sua diferença, mas acima de tudo, por tratar-se de outro ser humano.

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  3. Muito lindo seu blog!
    Amei tudo,os videos,clipes enfim tudo mesmo,vc como sempre com um gosto apuradissimo rs!

    ResponderExcluir